5.30.2011

A Ressurreição e Paulo

Bastantes anos antes da conclusão do processo de escrita dos evangelhos, Paulo escreve à comunidade de Corinto, defendendo, entre outras coisas, a possibilidade e a realidade da ressurreição corporal, cf. 1Cor 15,12-20. Nesta argumentação, a ressurreição de Cristo não é vista como um privilégio especial concedido a este, o que aliás teria sido perfeitamente possível. Pelo contrário, a de Cristo é olhada como um caso particular da própria possibilidade de ressurreição dos mortos em geral.

Para Paulo, o fim do mundo já tinha começado. A lógica é a seguinte: como fariseu, acreditava na ressurreição no fim dos tempos; portanto, se Jesus ressuscitou, o processo de ressurreição no fim dos tempos já estava em marcha. Apenas a misericórdia de Deus impedia a consumação final. Transpondo para imagens, o Titanic já bateu no iceberg, e Paulo tenta despertar os passageiros, enquanto Deus lhe dá tempo para tal.

Na teologia paulina, portanto, a ressurreição é a única forma de expressar a fé em Jesus Cristo e na sua contínua presença no meio daqueles que nele crêem. No entanto, ela [a ressurreição de Jesus] está também intimamente ligada à ressurreição geral no fim dos tempos. Assim, se o fim não está iminente (como de facto não estava), continuará a ser a ressurreição a única ou a melhor categoria teológica para exprimir esta fé?

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