6.03.2011

Análise da Carta aos Filipenses (Parte I)

1. Praescriptum.

Na carta aos Filipenses o praesciptum situa-se em Fl 1, 1-2. Ora, os três eixos que constam da sua estrutura são: o supercriptum “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus”; o adscriptum “a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com seus bispos e diáconos” e a salutatio “a vós a graça e a paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”.
É de salientar no supercriptum o título usado na apresentação dos autores: «servos de Cristo Jesus». Paulo não se apresenta com a sua autoridade apostólica, mas colocando-se no mesmo nível que Timóteo. E por outro lado, a expressão «servo» é um título de glória, empregue unicamente pelos crentes que receberam o mandato e a responsabilidade da actividade missionária. Depois, quanto ao adscriptum surge a expressão «santos em Cristo Jesus». A santidade dos destinatários da carta é expressão da pertença a Jesus e deste modo, acentua-se o esforço quotidiano de conversão que é necessário na vida de um cristão.

2. Exordium.

Em Fl 1, 3-11 temos o exordium que pode ser dividido em duas partes: uma acção de graças (Fl 1, 3-9) e uma oração (Fl 1, 9-11).
  • Pela forma como Paulo dá graças a Deus pela comunidade, em Fl 1, 3-4, parece ser grande a força dos laços afectivos que ligam o apóstolo à comunidade. Mas esta alegria na acção de graças, está presente fundamentalmente, na participação da comunidade no Evangelho: «É justo que eu tenha tais sentimentos por todos vós, pois tenho-vos no coração, a todos vós que, nas minhas prisões e na defesa e consolidação do Evangelho, participais na graça que me foi confiada» (Fl 1, 7). Os Filipenses ao testemunharem a força transformadora da palavra de Deus nas suas vidas e na vida da comunidade, tornam-se colaboradores do apóstolo na transmissão dessa mesma palavra.
  • A palavra-chave de toda a oração parece ser o amor. É um amor que se traduz, por um lado, na firmeza e na salvaguarda da unidade da comunidade; e por outro lado, enquanto instância determinante para a praxis e o ethos da comunidade. Esta oração é uma prece que se converte em exortação moral, numa exigência relativa ao comportamento da comunidade.

3. Narratio.

De Fl 1, 12-26 temos presente a narratio. Nesta passagem destaca-se três momentos em que o apóstolo dá a conhecer a sua situação actual: a prisão; o conhecimento de falsas intenções entre os irmãos que pregam o Evangelho; e a alegria do apóstolo no cárcere.
  • Primeiramente sabemos que Paulo encontra-se preso. Apesar desta situação, o Evangelho não deixa de produzir os seus frutos. Mesmo na prisão, Paulo escreve (Fl 1, 12).
  • Ora, Paulo sente necessidade de escrever, pois mesmo estando no cárcere tem conhecimento de uma variedade de intenções entre os pregadores da Palavra (Fl 1, 14-18).
  • Por último, a alegria do apóstolo está presente mesmo no cárcere. Paulo alegra-se com o anúncio de Cristo. Este sentimento de alegria, acontece por Paulo sente que mesmo estando preso, tem alguma utilidade. Apesar de todo o sofrimento que a prisão acarreta, ela não deixa de ser mais um lugar da manifestação de Cristo (Fl 1, 20-24).

1 de Junho de 2011

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