6.05.2011

Filipenses - χαρά


  1. Recolha dos passos na carta ao Filipenses

1,4 - “É uma oração que faço com alegria

1,18 - “Mas que importa? Desde que, de qualquer modo, com segundas intenções ou com verdade, Cristo seja anunciado. É com isso que me alegro.”

1,25 - “E é confiado nisto que eu sei que ficarei e continuarei junto de todos vós, para o progresso e a alegria da vossa fé”

2,2 - “então fazei com que seja completa a minha alegria: procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento”

2,17 - “Mas alegro-me até mesmo se o meu sangue tiver de ser derramado em sacrifício e oferta pela vossa fé; sim, com todos vós me alegro”.

2,28 - “Por isso, mais depressa o envio, para que, ao vê-lo, de novo vos alegreis e eu fique menos triste”.

3,1 - “De resto, meus irmãos, alegrai-vos no Senhor. Escrever-vos as mesmas coisas, a mim não me custa, e a vós torna-vos firmes”.

4,1 - “Portanto, meus caríssimos e saudosos irmãos, minha coroa e alegria, permanecei assim firmes no Senhor, caríssimos”.

4,4 - “Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!”

4,10 - “É grande a alegria que sinto no Senhor por, finalmente, terdes feito com que desabrochasse o vosso amor por mim.”

  1. A alegria na teologia paulina

Χαρά é o termo grego que nos traduz a alegria. Paulo é o teólogo da alegria. Em alguns passos ele a tematiza. Das 326 vezes no que este termo aparece no Novo Testamento, 131 delas ocorrem no epistolário paulino.

No anúncio paulino encontramos uma relação entre alegria e o mistério de Cristo. Em Tessalonisenses, Paulo louva-os na alegria no acolhimento da palavra acerta de Jesus, e uma palavra que é comunicação do próprio Jesus. Palavra cristã tem um sentido perfumático. Esta a palavra é sempre o sopro do ressuscitado. Neste sentido a alegria é o encontro com o ressuscitado.

Fl 1,15-20 - Neste passo, a alegria de Paulo é que Cristo seja anunciado. As provações no evangelho de Paulo são as misteriosas circunstâncias para encontrar o crucificado. O discípulo que aceita morrer com Ele, para com Ele ressuscitar. Alegria não é dionisíaca, ou um estado de um homem ébrio, mas é encontrada, na sua densidade, na mais contraditória da nudez da nossa humanidade. A alegria cristã é paradoxal - “alegremo-nos quando somos fracos”. A fraqueza não é um impedimento para a alegria.

Fl 2,17-18 - Paulo fala da sua existência como uma linguagem cultual; na “liturgia da nossa fé” que é existencial. Alegria é aceitar no próprio corpo Cristo. Aceitando este paradigma crístico temos acesso à alegria.

Fl 4,4 “alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos”. Nesta expressão, “ἐν κυρίῳ”, compreende-se que a uma alegria implica um mergulhar da própria existência radicada no Senhor. Ela é o reconhecimento da definitividade do Ressuscitado sobre toda a nossa existência, sobre o universo. Podemos traçar um paralelo com Fl 4,2, onde Paulo exorta a ter o mesmo sentimento/pensamento no Senhor. Cristo deve ser glorificado no nosso corpo, no agora. Cristo será engrandecido na minha vida ou na morte. Cristo está em nós em progresso, em expansão. A alegria paulina tem, assim, uma chave cristológica, que dá sentido à nossa existência. “Estou cheio de consolação e transbordo de alegria” (2 Cor 7,4).

Alegria é também penumatulógica, um dom do Espírito. Este Espírito é o do ressuscitado (cf. 1 Col 1,6; Gal 5,22). A alegria é a intromissão do Espírito Santo e o deixar-se conduz com ele. Em Rom 14,17 vemos que o reino de Deus não é uma questão de comer ou beber, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Alegria dá o sabor e o perfume do Reino de Deus. Na alegria, o Espírito Santo respira e dá-se a ver, sendo ela a sua caligrafia. A alegria também não é algo ou uma “coisa” abstracta. Cristo dá-se a ver na vida dos irmãos. O apostolo não pode não alegra-se pois a alegria passa pela comunidade. “Somos colaboradores da vossa alegria” (3 Cor 1,24). “Completai a minha alegria” (Fl 2,2). A comunidade é, assim, a fonte da alegria.

Há a ideia de que Paulo é um pessimista em relação à nossa vida humana. Mas em Paulo o homem aparece hipotecada a uma alegria, que não está toda completa. Há um caminho Fl 1,18, esta “mais ainda” indica como a teologia da alegria nos abre ao horizonte escatológico cristão [absoluto de Deus]. O maturar da alegria é um maturar diante do Senhor. “O Deus da esperança vos encha de toda a alegria” (Rom 15,13).

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