6.05.2011

Filipenses - Na “Colónia Romana” de Filipos

“Atravessaram depois a Frigia e a região da Galácia, impedidos que foram pelo Espírito Santo de anunciar a palavra da Ásia. Chegando aos confins da Mísia, tentaram penetrar na Bitímia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. Atravessaram então a Mísia e desceram para Trôade. Ora, durante a noite, sobreveio a Paulo uma visão. Um macedônio, de pé diante dele, fazia-lhe este pedido: “Vem para a Macedônia, e ajuda-nos!” Logo após a visão procuramos partir para a Macedônia, persuadido de que Deus nos chamava para anunciar-lhe a Boa Nova. De Trôade, partindo para o alto-mar, seguimos em linha recta para Samotrácia. De lá, no dia seguinte, para Neápolis, de onde partimos para Filipos, cidade principal daquela região da Macedônia, e também colónia romana.” (Act. 16,6-12)

Filipos é a primeira comunidade pagã-cristã que existe em solo europeu. Já na antiguidade Filipos figurava na história. Fora aí que António e Octávio derrotaram Cassius e Brutus, os últimos defensores da república, correndo a ano 42 a.C. (cf. BECKER. p.363)

Na sua origem, Filipos era conhecida por Krenides, o lugar dos pequenos mananciais. Em 358-357 a.C., ameaçados pelos trácios, os habitantes de Krenides, pediram auxílio ao rei da Macedônia, Felipe II, pai de Alexandre Magno. Este veio em sua ajuda e mudou o nome da vila para Filipos em honra de seu pai Felipe I, rei da Macedônia. Felipe II drenou essa zona pantanosa, fortificou e aumentou a nova cidade. Filipos ocupava um ponto estratégico, pois dominava todas as rotas de caravanas da Grécia e da Trácia. Por ela passava a importante via Egnátia, que unia a península itálica à Ásia Menor. As minas de metais nobres (ouro e prata) do monte Pangeo, juntamente com a madeira exportada de Filipos para a construção de barcos e a agricultura florescente, contribuíram para o enriquecimento da cidade, se bem que no época romana estas minas já estavam praticamente esgotadas. (cf. BECKER p.364).

Após a batalha de 42 a.C., e a batalha de Actio, em 31 a.C., na qual Octávio, futuro Augusto, venceu Marco António, novos veteranos foram enviados a Filipos no intuito de Roma fortalecer o império a Oriente. A pequena aldeia macedónica, Filipos, torna-se “colónia romana” bem amuralhada, tendo a sua segunda fundação com o Imperador Augusto, que a denominou por Colonia Julia Augusta Philippensium (cf. BRECKER. p.364). Assim, foi-lhe concedida o privilégio de “Jus Italicum” com a qual seus habitantes eram cidadãos romanos.

Desembarcando em Neápoles, Paulo caminhou uns 16 km até Filipos. Neste percurso, o apóstolo deparava-se com um “novo mundo”. Os marcos miliários, que perto do porto, escritos em duas línguas, davam lugar a outros, escritos apenas em latim.

Na tempo de Paulo, Filipos era uma cidade cercada por uma muralha com 3,4 km, que fechava uma área de 68 hectares, dentro qual vivia uma população de cinco a dez mil pessoas constituídos por Trácios, Gregos, Macedónios e Romanos. Sendo os veteranos de guerra a classe dominante, o Latim era a língua oficial, continuando, porém, a população a falar Grego. Apesar de Paulo não lá ter vivo muito tempo, o seu estilo grego fora afectado. Murphy-O’Connor repara que Paulo, em lugar de se dirigir ao filipenses em grego autêntico, como Philippeis ou Philippênoi, ele usa Philippêsioi, que deriva do Latim Philippenses (Fl 4,15). (cf. O’CONNOR, p.98).


(Como fontes bibliográficas foram utilizados os apontamentos da unidade curricular de Escritos paulinos; BECKER, Jürgen - Pablo: el apostol de los paganos. Sigueme, Salamanca, 1996; O’CONNER, Jerome Murphy - Paulo, um homem inquieto, um apóstolo insuperável. Paulinas - Prior Velho, 2008).

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