6.01.2011

Carta aos Gálatas - Teologia

A discussão acerca do anúncio do Evangelho também aos pagãos, considerados imundos pela Lei (Act 10-11; 15), foi o primeiro problema que surgiu após a Ressurreição de Cristo e do Pentecostes. Depois, levantou-se o problema de se os cristãos, vindos do paganismo, estavam também sujeitos à Lei mosaica. Divergiam as opiniões. Paulo, apesar de ser judeu da seita dos fariseus (os mais zelosos da Lei), tornou-se o campeão da liberdade cristã ou da não sujeição à Lei, interpretada à maneira dos fariseus. Isso mereceu-lhe a hostilidade, não só dos judeus, mas também dos cristãos de origem judaica. O chamado concílio de Jerusalém (Act 15) não conseguira acalmar completamente os ânimos. Cristãos de origem judaica os judaizantes puseram em causa a validade e legitimidade do anúncio evangélico feito por Paulo, negando-lhe a dignidade apostólica e acusando-o de pregar um Evangelho mutilado e de anunciar um cristianismo diferente do dos outros Apóstolos de Jerusalém. Por isso, tentavam submeter os recém-convertidos ao jugo da Lei.

Foi o que aconteceu nas igrejas paulinas da Galácia. Nas pegadas do Apóstolo, os judaizantes atraíram os gálatas para a sua causa. Paulo escreveu-lhes, então, esta Carta polémica, em defesa da sua dignidade apostólica e da ortodoxia da sua doutrina, reconhecida, sobretudo, pelas colunas da Igreja-mãe de Jerusalém; expõe aqui o seu pensamento sobre as relações entre a Lei de Moisés e Cristo. Este último ponto será amplamente tratado na Carta aos Romanos, cronologicamente posterior à Carta aos Gálatas.

Para o Apóstolo, a Lei de Moisés foi sobretudo «um pedagogo», cuja missão era conduzir a Cristo (3, 24). Se os cristãos continuassem a observar a Lei como necessária para a salvação, então a obra de Cristo teria sido inútil: a salvação não nos viria por Ele, mas pela Lei. Por isso, o que nos justifica não são as obras da Lei, mas a fé em Cristo.

Partindo deste princípio, Paulo vai ainda mais longe. Esforça-se por provar aos seus adversários que a Lei nunca justificou ninguém. O próprio Abraão não foi justificado pela observância da Lei, mas pela fé e pela Promessa.

A Lei não fez mais do que manifestar o pecado, ao indicar um caminho, sem dar forças para o seguir. Só a Boa-Nova de Cristo, que é poder de Deus para todo o que crê, justifica, porque, indicando o caminho, dá também a força sobrenatural para o seguir. O grupo dos judaizantes quase desapareceu com a queda de Jerusalém, por volta do ano 70.

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